Pragmatismo – William James
William James
PRAGMATISMO, Pragmatism: a New Name for Some old Ways of Thinking. Popular Lectures on Philosophy, 1907.
WILLIAM JAMES, 1842-1910.
Coletânea de conferências.
William James adota o célebre princípio de Charles Sanders Peirce, segundo o qual a concepção completa do objeto é a concepção de todos os efeitos práticos que acreditamos poder ser produzidos por ele. Mas interpreta esse princípio no contexto de uma teoria da verdade, e não no de uma teoria da significação, como faz Peirce. Para este último, o pragmatismo não tem o objetivo de determinar a verdade das coisas; o que lhe importa é um método para experimentar na prática o sentido das palavras. James, ao contrário, põe a verdade e sua relação com a realidade no cerne de sua reflexão. A verdade não é espelho da realidade, pela simples razão de não haver espelho diante da realidade. Tanto na ordem material quanto na ordem moral, há ações, instrumentos, idéias abstratas que exprimem possibilidades de agir. “O verdadeiro é o que serve”, o que estende nossa ação sobre as coisas. Uma idéia não é verdadeira em princípio; ela se torna verdadeira quando suscita em nós uma crença capaz de dirigir eficazmente nossa ação.
O pragmatismo generalizado não passa de extensão do pragmatismo científico de Poincaré (para quem a verdade é apreciada segundo o critério de comodidade). Assim, por exemplo, a salvação não é indubitável nem impossível; é uma partida que vai ser jogada, e a hipótese de Deus deve ser aceita como verdadeira se essa crença nos propiciar benefício moral. A concepção segundo a qual a verdade deve ser feita permite assim harmonizar em James o ponto de vista da ciência com as aspirações religiosas e morais.
Por trás do pragmatismo de James, como de todo o pragmatismo americano, está um “empirismo radical”, tanto no domínio científico e moral quanto no religioso. Ele intervém em dois níveis:
– É por percebermos certas verdades intuitivamente (por exemplo a iluminação interior em religião) que nos satisfazemos apenas com o critério de seu valor prático.
– Mas o empirismo intervém não só no ponto de partida, mas também como verificação de uma hipótese.
Toda idéia, seja do homem comum, seja do cientista, é “experimental”, ou seja, é um plano de ação, e o espírito pragmatista é um espírito experimentalista.
Edição brasileira: Pragmatismo e outros textos, São Paulo, Abril, 1979.
Estudo: É. Callot, William James et le pragmatisme, Champion-Slatkine, Paris-Genebra, 1985.