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      Artigos Diversos

      O Mito de Sísifo – Albert Camus

      • Postado por Assessoria
      • Categorias Artigos Diversos, Filosofia, Livros (Sugestão de Leitura)
      • Data 12 de outubro de 2014

      O MITO DE SÍSIFO, Ensaio sobre o absurdo,
      Le mythe de sisyphe. Essai sur l’absurde, 1942.
      ALBERT CAMUS, 1913-1960.

      Essa obra pode ser vista como o ensaio fi­losófico central da obra de Camus, pois nela se encontra exposta a “filosofia do absur­do”, em torno da qual se organizam todos os outros temas do pensamento e da ação de Camus (por exemplo, o tema da revolta).

      Nessa obra, Camus dá ensejo a questão do sentido da existência. A não existência não será a saída para aquele que en­tendeu a falta de sentido da vida?

      A experiência camusiana do absurdo lembra a náusea sartriana: uma “lassidão mesclada de fastio” diante da banal e ma­quinal repetição dos momentos da existên­cia. A perspectiva da morte, a necessidade de submeter-se à irracionalidade no mun­do, tudo isso contribui para tornar mais pre­cisa a noção de absurdo. Não é que o mun­do, em si, seja absurdo; tampouco o homem. O absurdo nasce da confrontação desse mundo com o desejo humano de clareza e racionalidade.

      Não se pode fugir dessa antinomia atra­vés do suicídio, que anula a consciência, ou da religião, que confere à existência um sentido extramundano. Mesmo o existen­cialismo (Kierkegaard, Jaspers) parece a Camus um “suicídio filosófico” por abso­lutizar o irracional. Não é possível conten­tar-se com comentar o absurdo.

      Ao contrário, O mito de Sísifo convida a enfrentar a conscientização do absurdo:

      “Trata-se de viver.” “Extraio assim do ab­surdo três consequências, que são minha revolta, minha liberdade, minha paixão.”

      A revolta. Uma vez que se tenha tomado consciência do absurdo, não fugir dele é ads­tringir-se a olhá-lo na cara. Constituí-lo em objeto de um incessante desafio: “Viver é fazer viver o absurdo.” Nunca se resignar. Não se trata de buscar consolo em sabe-se lá que esperança, mas de lutar e de conferir assim à existência um valor que ela não tem, e que, portanto, é preciso dar-lhe.

      A liberdade. Seria melhor falar de liber­tação. Esta é uma consequência direta da conscientização do absurdo. Ou melhor, ela é essa mesma conscientização, através da qual se institui uma lucidez fundamental­mente vitoriosa em minha relação com o mundo. Essa liberdade novamente adquiri­da é o negativo da falsa liberdade daquele cuja vida é conduzida apenas pelo hábito maquinal.

      A paixão. Em uma palavra: viver. E aqui o que é mais também será melhor: “Estar em face do mundo o máximo possível.” Multiplicar as experiências.

      Camus desenha figuras possíveis daque­les que “encenam o absurdo”: Don Juan, o comediante, o conquistador. A “mais absur­da das personagens” é ainda o criador, que, com sua obra, quer “viver duas vezes”. Criar, para o artista, é conjurar o absurdo, e não dispensá-lo – o que seria impossível-, mas “respirar com ele”. A obra de arte “nas­ce da renúncia da inteligência a raciocinar o concreto”; “se o mundo fosse claro, a arte não existiria”.

      Isso equivale a dizer que o sentimento do absurdo, seja qual for a conduta que inspi­re, está tão distante quanto possível do mo­do de existência espontâneo do homem co­mum. Sísifo, rolando seu bloco de pedra, por certo não é um super-homem (no sentido nietzschiano), mas é sem dúvida um herói.

      Esse sentimento do absurdo tampouco de­semboca numa negação dos valores. É cer­to que não existe nenhum princípio unifi­cador do mundo, e é preciso repetir a fala de Ivan Karamazov: “Tudo é permitido.” Mas isso não livra do absurdo; ao contrário, o absurdo “não autoriza todos os atos”. Um humanismo, e não o niilismo, é o que está na ponta da experiência do absurdo: “O homem é seu próprio fim. E ele é seu único fim.” Sabe-se que Camus, partindo da revolta individual, levará bem longe esse pen­samento, em direção à afirmação da frater­nidade humana contra o mal e o sofrimento.

      Sísifo rola pois o seu rochedo, mas está consciente; “conhece toda a extensão de sua miserável condição”. Desse modo, seu des­tino é superado: “É preciso imaginar Sísifo feliz.”

      A pessoa de Camus é hoje tida em alta es­tima, mas a filosofia de O mito de Sísifo nem por isso deixa de ser vista com certa condescendência (“filosofia para estudan­tes”: tão pouco amável tanto para o ensino da filosofia quanto para Camus!). No en­tanto, é difícil dizer se nos debates que se seguiram à Segunda Guerra Mundial o fi­lósofo do absurdo foi o menos clarividente.

      Edição brasileira: O mito de Sísifo: ensaio sobre o ab­surdo, Rio de Janeiro, Guanabara, 1989.

      Estudo: P. Ginestier, Camus, col. “Pour connaítre la pensée de”, Bordas, 1981.

      Tag:Filosofia, indicação de livros, liberdade

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      Assessoria

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