Como viver a Filosofia Clínica?
Penso ser tarefa árdua e de longa jornada, aplicar o que se estuda / ensina. Como diz um querido professor: “O papel aceita tudo.” O contexto econômico, social e político em que vivemos, muitas vezes, não comporta as demandas do papel. Ou seja, nossa liberdade situacional se expressa a partir de condições existenciais de um tempo, de um lugar, de uma cultura. Gosto de chamar isso de Objetividade; aquela que oferece margem à nossa subjetividade, que impõe os limites da nossa existência. Ela é ruim? Não necessariamente. Pode vir a ser quando se configura em Armadilha Conceitual, ou seja, quando se assemelha a uma barreira intransponível para a pessoa.
Nascemos em um mundo e, cada pessoa sente, percebe, imagina, entende esse de uma forma que é subjetiva e única. E diante desse cenário que cada um constrói para si, partindo do que é possível, tenta ou não, comportar-se de forma que possa realizar o seu potencial de ser humano. Algumas pessoas, criam apenas um caminho para o seu ser e, repetem, repetem, repetem… uma paixão dominante. Outras criam muitos caminhos, mas diante de algo que se passa com elas, – congelam, paralisam e, ficam sem rumo algum; sem buscas. Na linguagem psiquiátrica, é comum ouvir, que a falta de perspectiva de futuro é um forte indício de Depressão.
Como a Filosofia Clínica trata a questão diagnóstica? É possível que essa dúvida tenha lhe ocorrido. Temos algumas possibilidades de resposta e, a primeira delas é “não sei”. Trata-se de um não saber, no sentido de não haver um conhecimento pronto para ser aplicado à pessoa que procura o filósofo na clínica. É na clínica, que a pessoa dimensionará o que é isso para ela. Ela quem irá trazer, se houver, o significado, a importância desse diagnóstico para suas relações; para sua estrutura de pensamento. A Filosofia Clínica lida com pessoas; um pré-juízo essencial para aqueles que pretendem estudar e aplicar a metodologia.
Viver a Filosofia Clínica, de forma semelhante à resposta dada a questão diagnóstica, será um caminho, ou mais de um, a ser percorrido por cada pessoa. Já que as possibilidades são tantas, quanto forem as pessoas que se propuserem a tentar empreender tal tarefa. Para algumas pessoas, a tarefa passará pela univocidade dos termos empregados na clínica e na vida de maneira geral. Para outras, será sempre uma vivência incompleta. Alguns precisarão planejar, antes de fazer. Outros darão mais importância aos resultados do que aos equívocos do caminho. Existem também aqueles que precisarão de ajuda de outros para conseguir. Aqueles que precisam ver alguém fazendo… enfim, a tarefa inicial é descobrir: qual é o seu caminho?
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Fonte da Imagem: Ascom DetranRS. Disponível em: <http://agenda2020.com.br/2016/05/operacao-viagem-segura-atua-nas-estradas-durante-feriadao-de-corpus-christi/>. Acesso em: 22 ago. 2018.
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