A Revolução Sexual – Wilhelm Reich
A REVOLUÇÃO SEXUAL, The Sexual Revolution, 1945.
WILHELM REICH,1897-1957.
Essa obra se situa na confluência do marxismo com a psicanálise. É mesmo o início da corrente que, chamada de freudomarxismo, terá certa celebridade (sobretudo com Marcuse).
Reich, médico comunista, expõe as consequências da “miséria sexual das massas”, em particular da juventude. O autoritarismo burguês e a moral religiosa dão origem a uma infinidade de interditos, tabus e repressões referentes à sexualidade: prazer, masturbação, sexualidade pré-conjugal dos adolescentes e até sexualidade não procriativa. A interiorização desses tabus e a dissociação entre amor “respeitável” (em suas formas nobres, idealizadas, platônicas) e sexualidade puramente física terminam na frustração das massas, de consequências desastrosas. No primeiro plano dessas consequências, encontram-se os distúrbios da sexualidade e do orgasmo, seguidos pelas diversas formas de desvio da sexualidade (pornografia, violação real ou fantasiada, prostituição … ).
Essas frustrações sexuais também têm efeito no plano social: revigoramento e generalização do sentimento de culpa, medo da liberdade, tendência à resignação – efeitos explorados por todos os poderes repressivos. Ao mesmo tempo que o espírito de liberdade é cerceado, desenvolve-se a mentalidade recalcada do “Zé-ninguém”, descrita em outro texto por Reich (Escute, Zé ninguém): mentalidade violenta daquele que tenta resolver suas contradições psíquicas na ação e no culto ao chefe.
Reich vê na revolução comunista a condição necessária da libertação sexual. Mas ressalta ao mesmo tempo que esta última é indispensável ao sucesso da primeira. Pois, se não for favorecido o desabrochar de uma sexualidade e de caracteres mais sadios, as estruturas psíquicas do recalcamento conduzirão infalivelmente ao autoritarismo. Foi o que levou Reich a aprovar e a defender as medidas progressistas dos primórdios da revolução soviética em matéria de sexualidade, família e costumes.
Edição brasileira: A revolução sexual, Rio de Janeiro, Guanabara, 1988.
Estudo: C. Sinelnikoft, L’oeuvre de Wilhelm Reich, Maspero, 1970.