Criação dos Valores – Raymond Polin
CRIAÇÃO DOS VALORES, RAYMOND POLIN
La création des valeurs, 1945.
RAYMOND POLIN.
Na época em que Raymond Polin publicou sua tese, era tradição em filosofia afirmar que os valores se nos impõem, que preexistem ao homem. Assim, para Platão tudo procede do Bem em si; todos os valores decorrem desse Bem supremo. A idéia de que nós mesmos pudéssemos criar nossos próprios valores era, pois, revolucionária, e a obra foi acolhida na época como uma inovação notável. E a partir dela foi construída toda uma ciência: a axiologia ou ciência dos valores, que teve considerável propagação no pensamento francês contemporâneo. Mas quem diz criação de valores não diz necessariamente subjetivismo absoluto: “Assim, aparece o tipo ideal de valor objetivo que vai ao encontro destes três princípios: princípio de realidade, princípio de transcendência, princípio de conhecimento, com alguma forma que tenha sido escolhida para sua aplicação. […] Esses três princípios convergem para uma mesma consequência prática, verdadeiro princípio prático da objetividade dos valores: todo valor objetivo conhecido em sua verdade dá o direito de fazer respeitar esse valor, portanto de mandar e de ser obedecido.”
O paradoxo está aí em que a criação deve necessariamente ser subjetiva, ao passo que os valores procuram acima de tudo “objetivar-se”, donde a dificuldade: o desejo é regulado pelos valores, mas a “validade” e a consistência dos valores decorrem de sua desejabilidade.
Estudo: S. Goyard-Fabre, P.U.F., 1984.