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      Sugestão de Leitura: “A fenomenologia da Percepção” de Merleau-Ponty – Capítulo “A Liberdade”

      • Postado por Assessoria
      • Categorias Artigos Diversos, Ensaios, Filosofia, Livros (Sugestão de Leitura)
      • Data 25 de outubro de 2015

      A LIBERDADE EM MERLEAU-PONTY

      Tentaremos aqui trabalhar de maneira rápida e concisa, porém o mais abrangente possível o que é a liberdade em Merleau-Ponty, estudando o terceiro capítulo: A liberdade da terceira parte da Fenomenologia da Percepção. Começamos então com a pergunta: Que é liberdade para Merleau-Ponty?

      Para Merleau-Ponty, a liberdade não é uma dádiva, mas sim uma conquista, realizada pelo homem no mundo (através da ação do homem no mundo). Não se pode dizer que há uma liberdade absoluta, a liberdade é a possibilidade de superar uma situação de fato. “Nascer é ao mesmo tempo nascer do mundo e nascer no mundo. O mundo está já constituído, mas também nunca completamente constituído” (Fenomenologia, pg. 608). Nossa liberdade vem a ser quando nós nascemos no mundo. Quando nascemos somos “jogados” no mundo, entramos na esfera do mundo, que é um campo aberto de possibilidades (a qualquer momento a nosso dispor), o que nos permite a liberdade. Entretanto o homem não nasce totalmente livre. O homem “nasce no mundo e nasce do mundo”, o mundo está constituído, mas também nunca está totalmente constituído. Assim o homem precisa se fazer neste mundo. Pela sua esfera, social, cultural e geográfica, são impostos limites a sua liberdade. Ao mesmo tempo em que nascendo no mundo se abre um vasto campo de possibilidades ao homem, esse mesmo mundo impõe limites à liberdade.

      O homem nasce aberto ao mundo, com um campo de possibilidades disponíveis, mas ao mesmo tempo ele é limitado por esse mesmo mundo. Assim não há determinismo, e nem escolha absoluta. É impossível que o homem seja livre em algumas ações e determinado em outras. O homem nunca é somente coisa e nunca somente consciência pura. O homem não pode ser determinado do exterior, porque para que algo pudesse determinar o homem seria necessário que ele fosse uma coisa. Mas “… nunca há determinismo e nunca há escolha absoluta, nunca sou uma coisa e nunca sou consciência nua” (Fenomenologia, pág. 608). Assim é preciso que o homem se faça, ou melhor, se constitua nas suas relações com as coisas e com os outros homens. O homem convive, coexiste, assim ele se realiza como ser nessa própria coexistência. Nada do exterior pode determinar o homem, não que o homem não seja solicitado, mas ao contrário, porque de repente ele pode estar fora de si, e aberto ao mundo. O homem pode se ultrapassar, não somente pelo fato de estar no mundo como coisa, mas pelo fato de ser no mundo, se fazer no mundo e estar aberto ao mundo.

      O homem não é determinado do exterior, porque os motivos não pesam em sua decisão, mas sim a decisão e que empresta sua força. A decisão faz aparecer os motivos. Assim quando o homem desiste de alguma coisa os motivos parecem perder a força e até mesmo desaparecer.

      Por exemplo, em um dia alguém pode pensar em ir ao cinema, porém alguns motivos aparentemente o(a) impedem como o vento sul (frio), e ainda com o automóvel estragado, o cansaço, e por isso não vai ao cinema. Estes são os motivos que o aparentemente o(a) impedem de sair. Mas em outro dia, a mesma pessoa está decidida a ir ao cinema, mesmo com as mesmas condições e motivos acima, acrescentando chuva forte e fria e uma forte dor de cabeça, não a impedem de ir ao cinema. É neste sentido que a decisão (ir ao cinema) empresta sua força, e os motivos que mesmo iguais ou maiores não o impediram de ir ao cinema.

      O homem está como que emaranhado às coisas e aos outros, assim nada pode tornar o homem livre para tudo. A idéia de liberdade absoluta é abolida pela idéia de situação. A existência do homem se dá com a síntese do Em si e do Para si. Não tendo como separar as duas. Tudo que o homem é, seu passado, sua conduta, temperamento, são verdadeiros desde que sejam considerados como momentos de seu ser total, ou seja, sem que se possa dizer que é ele quem dá sentido às coisas, ou que recebe delas. Este sentido se dá na interação do seu ser com as coisas. O homem é uma estrutura psicológica e histórica. Estando no mundo ele “recebe” uma maneira de existir. Assim todos os seus atos e pensamentos estão vinculados a essa estrutura. Entretanto a liberdade não se dá, apesar ou sobre as motivações, mas por meio delas. Aqui esta estrutura que é o homem, não limita seu acesso ao mundo, mas, ao contrário é o meio que faz o homem comunicar-se com ele. É só assumindo a sua situação, social e natural, é que o homem poderá ter a liberdade.

      Desta maneira o homem não é livre porque escolhe (decide) absolutamente, ele só pode fazer a escolha a partir de algo que já existe. A sua escolha está condicionada. Por exemplo: Somos homens e por isso precisamos nos alimentar. Estamos “condenados” a sermos homens, mas podemos escolher comer ou não comer. O homem é livre ao fazer algo com a situação, dado que está na situação sempre, já existe o compromisso sempre.

      Pode-se tentar criar um exemplo: Uma pessoa que devido a um acidente tornou-se impossibilitada de se expressar através da fala, busca a pintura como um “refúgio” e uma maneira que ela pode expressar seus sentimentos e idéias acaba se tornando um(a) grande pintor(a), essa pessoa é livre porque construiu algo com a ausência da fala (voz), conseguiu contornar um obstáculo dado pelo mundo. Tem-se assim a liberdade de criação, é um novo sentido dado e que se constitui um acontecimento.

      Entretanto a consciência não é formada por uma seqüência de instantes e acontecimentos, é perseguida pelo “fantasma” do instante, mas que precisa constantemente ser rompido por um ato de liberdade.

      “… o homem é só um laço de relações apenas as relações contam para o homem.” (Fenomenologia, pág. 612)

      Por: Pedro de Freitas Júnior
      (Bacharel em Filosofia pela UFSC e Especialista em Filosofia Clínica pelo Instituto Packter)

      Bibliografia:
      MERLEAU-PONTY, Maurice A fenomenologia da Percepção. 2ª edição – São Paulo: Martins Fontes, 1999

      Tag:fenomenologia, Filosofia, indicação de livros, liberdade, Merleau-Ponty

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      Assessoria

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