A Consciência Afetiva – Ferdinand Alquié
La conscience affective, Paris 1979.
A CONSCIÊNCIA AFETIVA,
La conscience affective, 1979.
Ferdinand Alquié, 1906-1985.
Revitalizando a problemática do conflito entre a sensibilidade e a razão (“Como se explica o fato de eu sentir de maneira diferente daquela como conheço?”), Alquié centraliza sua reflexão e a argumentação de seu estudo no caráter afetivo da consciência humana, que, diferindo da razão, nem por isso deixa de constituir um saber. Para captar a especificidade desse conhecimento, ele examina a afetividade através de suas manifestações empíricas – angústia, amor, sonho ou loucura – e interroga-se sobre o simbolismo, a fé e outras concepções que implicam, na origem, os afetos da consciência. Cita Proust e Rimbaud e volta a questionar o apriorismo filosófico de racionalistas como Spinoza, Descartes ou Kant, que, para ele, desnaturam a consciência ao reduzir afetivo a intelectual. “É próprio de nossa condição” – escreve ele – “captar o mundo a partir de um eu do qual a afetividade não pode ser banida.” Alquié conclui que as ciências do homem ignoram a verdadeira autoconsciência, que, alheia ao mundo, basta-se a si mesma e permite que o homem se conheça espontaneamente, “sem se explicar nem se compreender”.
Estudo: J.-L. Manon, La passion de la raison: hommage à Ferdinand Alquié, col. “Epimethée”, P.U.F., 1983.